sábado, 27 de agosto de 2011

FAVELAS AUTOSSUSTENTÁVEIS


Favelas se tornam comunidades ‘autossustentáveis’
Moradores de áreas com UPP têm trabalho, lazer e infraestrutura perto de casa

POR FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Moradores das 17 favelas pacificadas no Rio cada vez menos precisam sair de suas comunidades para trabalhar, estudar ou se divertir. As chances de criação e expansão de negócios estão surgindo graças à intervenções de iniciativas privadas e do poder público. A paz propiciada pelas UPPs, aliada à chegada de mais iluminação, pavimentação, esgoto e água encanada, torna as comunidades terrenos férteis para empreendedores locais.
Na área da Unidade de Polícia Pacificadora do Chapéu-Mangueira e Babilônia, no Leme, Zona Sul, por exemplo, Censo feito em novembro pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) — com 8.788 entrevistados em nove regiões com UPPs — já apontava que 14% dos moradores das duas localidades eram donos dos seus próprios negócios. Desde então, há sinais de que essa porcentagem aumentou.


De pé, Iranete, Ivonete e Ivanilda, fecharam as portas por causa da violência em 2007. Com a UPP, reativaram fábrica e já empregam 30 | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
“Meu hostel (o Favela Inn, no Chapéu Mangueira) faz tanto sucesso entre os gringos, que estou construindo o Favela Inn II”, adianta Vitor Hugo Medina, 32. David Bispo, 39, dono do Bar do David, se orgulha de atrair mais de 100 turistas nos finais de semana. “Antes, eu praticamente tocava sozinho o bar. Agora tenho quatro funcionários”, conta oempresário.
Recepcionista de um restaurante, Louese Ancellotti, 18, da Babilônia, faz curso de informática no Cetep Chapéu-Mangueira. “ Vai me ajudar a galgar novos postos no trabalho”, acredita. Já seu colega de turma, Hudson Almeida, 63, mora fora da favela, na Avenida Princesa Isabel, Copacabana. “No asfalto, não encontrei vaga”, justifica.
Fábrica voltou a operar após paz no Batan
Embora o retrato observado pela Firjan no Batan, em Realengo, não fosse tão animador quando nas favelas da Zona Sul, recentemente os avanços na Z. Oeste são grandes. Há 8 meses, o desemprego atingia 19,7% da população.
As irmãs Iranete, 37, Ivanilda, 27, e Ivonete Ribeiro, 40, contribuem para mudar o quadro. Donas da CKR Confecções, uma fábrica de uniformes e botas para empresas, elas fecharam as portas em 2007 por causa da violência. Depois da UPP, elas retomaram as atividades no Batan.
“Fornecedores e agentes financeiros hoje vêm até a nós com tranquilidade. Já empregamos 30 pessoas da comunidade e estamos ampliando nossa sede, com planos para fabricar luvas e contratar mais moradores”, anima-se Iranete.
Fonte : http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2011/8/favelas_se_tornam_comunidades_autossustentaveis_187912.html

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Perfil dos portadores de HIV


19/08/2011

Agência FAPESP – Levantamento feito pelo hospital estadual Emílio Ribas, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo referência em tratamento de doenças infecto-contagiosas na capital paulista, indica o perfil do paciente tratado na unidade e revela que 80% do atendimento é voltado a portadores do vírus HIV. Outro dado aponta que 68% desses pacientes informam ser heterossexuais.

O estudo mostra também que 25% dos pacientes são do sexo feminino e a maioria, homens e mulheres, têm idade entre 30 e 40 anos. Apenas 20% dos entrevistados declararam união estável com o parceiro. Em relação à escolaridade, 42% dos pesquisados informaram ter apenas o ensino fundamental concluído, e apenas 0,9% havia concluído o ensino superior.

Segundo o médico infectologista David Uip, diretor do Emílio Ribas, a batalha contra o vírus ainda continua e a barreira principal ainda não foi quebrada: a consciência de todos, independentemente da opção sexual.

“Houve muitos avanços na medicina no que diz respeito ao tratamento da Aids da década de 1980 para cá, mas não adianta a medicina evoluir se toda a população não estiver consciente dos riscos da doença e de como preveni-la”, disse.

O levantamento dos dados foi realizado pelo serviço social durante 15 dias acompanhando a rotina de mais de cem pacientes internados no hospital.

Mais informações: www.saude.sp.gov.br

domingo, 21 de agosto de 2011

2a. Conferência de Juventude para ampliar participação e conquistas sociais

2a. Conferência de Juventude para ampliar participação e conquistas sociais

Para o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Gabriel Medina, para haver conquistas, é fundamental que sociedade e governo estejam convencidos de que os jovens são chave para um projeto de desenvolvimento sustentável, justo e soberano.

“Os/as jovens têm potencial enorme para construir novas formas de relação, repensar os padrões de consumo atuais e forjar um novo modelo de desenvolvimento, com sustentabilidade”. É o que afirma Gabriel Medina, atual presidente do Conselho Nacional de Juventude.

A função de Medina é levar a visão dos/as jovens para as instâncias de diálogo do atual governo da presidenta Dilma Rousseff. Aos 29 anos, psicólogo por formação, Gabriel acumula militância e experiência importante no debate e elaboração de políticas públicas para a juventude. Nessa entrevista a Elineudo Meira (Chokito), para o Portal Linha Direta, ele comenta os desafios e expectativas da 2ª Conferência Nacional de Juventude, que está sendo organizada neste momento nas etapas municipais em todo o País.

Elineudo Meira – Como foi a eleição para a presidência do Conselho Nacional da Juventude?
Gabriel Medina - Foi conseqüência de um processo que estou envolvido há anos junto com os movimentos e organizações juvenis brasileiros. Expressou o sentimento de construção de uma candidatura conectada com as lutas juvenis, autônoma e aberta a um diálogo horizontal, plural e democrático. Expressou também a demanda por termos um jovem a frente do Conjuve e que ao mesmo tempo tivesse uma trajetória militante e engajada com as bandeiras das juventudes.

EM – Quais as ações do Conjuve?
GM - O Conjuve vem se consolidando como um Conselho de Políticas de Juventude. Avançamos muito na capacidade de produção de análises e formulação das políticas do Governo Federal, ao mesmo tempo em que buscamos dar mais amplitude e visibilidade em nossas produções.

A Comissão de Acompanhamento de Políticas e Programas ganhou expressão e hoje é uma das mais atuantes e está produzindo contribuições que ficam como um legado do Conjuve. O documento Reflexões sobre a Política de Juventude foi um passo fundamental na direção de produzir uma opinião sobre o conjunto de ações desenvolvidas pelo Governo Federal.

Produzimos este ano uma oficina sobre o Sistema Nacional de Juventude e ainda pretendemos organizar um Seminário sobre Monitoramento e Indicadores de gestão, que ficará não apenas para o Conjuve, mas contribuirá para a afirmação da democracia participativa brasileira que precisa avançar.

Fortalecemos a Rede de Conselhos de Juventude, ampliando sua capilaridade e constituindo-o como um espaço de troca, formação e articulação de iniciativas de conselhos municipais e estaduais de Juventude. Este processo só foi possível pelo esforço da Comissão de Articulação e Diálogo que realizou dois encontros em 2010 e alimenta a rede permanentemente.

O Conselho também entrou de cabeça na organização da II Conferência Nacional de Juventude. Não fosse nossa persistência, dificilmente teríamos a Conferência este ano. Diferente de 2008, quando foi realizada com baixa participação, em 2011 temos cobrado maior envolvimento do Governo nesta pauta.

Também voltamos a emitir opiniões públicas sobre temas polêmicos, como no caso do Livro Didático, nos Kits Anti-homofobia, no Plano Nacional de Banda Larga, na repressão policial à Marcha da Maconha, no caso das mortes dos trabalhadores do Norte, com posições críticas e propositivas, a partir de uma concepção progressista que defende os avanços dos últimos anos no Brasil, mas que entende que muito ainda falta para termos um país justo, solidário e que respeite a diversidade.

EM – Qual o papel do Conselho Nacional de Juventude perante a sociedade?
GM - O Conjuve é um conselho de PPJ´s e não de representação, em que pese sua composição plural, nosso função é mais relacionada a avaliação, elaboração e monitoramento das políticas direcionadas aos jovens, assegurando que sejam construídas com sua participação.

EM – Que pauta a juventude assume no governo Dilma?
GM - É difícil responder qual será a pauta da juventude com a Dilma, isso porque o Governo Federal não apresentou o PPA para o Congresso e acho que as ações e o orçamento que estarão presentes é que vão configurar as prioridades para o segmento.

EM – E qual é o perfil da juventude brasileira?
GM - Muito diverso. São jovens brancos, negros, indígenas, homossexuais, ribeirinhos, da cidade, do campo, do norte, do sul, entre tantas possibilidades. Mas, é possível dizer que o perfil mudou e a ascensão social vivida por mais de 30 milhões de brasileiros atingiu a juventude. Na recente pesquisa do IPEA sobre a “classe C” que gosto de chamar de classe trabalhadora ampliada, o pesquisador caracterizou esta classe como uma mulher, jovem, negra e conectada. 60% destas pessoas são jovens.

Na pesquisa Sonho Brasileiro foi possível perceber uma nova geração, mas otimista com o país e mais disposta a se engajar em projetos coletivos que ajudem a transformar seu cotidiano. Diferente de uma juventude formada pelos valores neoliberais, existe uma juventude aberta a novas ideias que superem o consumismo e a competição, marcas da década de 90.

Mas, ainda temos enormes desafios, existe um conjunto de jovens que vivem em situações precárias, nas periferias urbanas e na área rural, com ausência total de políticas e equipamentos públicos e que precisam de um olhar mais atento do Estado para que possam ter direitos garantidos.

EM – Qual será a pauta da segunda Conferência?
GM - O slogan é “Conquistar direitos, desenvolver o Brasil”. Porém, o tema é mais amplo e está expresso no decreto assinado pelo ex-presidente Lula e reafirmado no novo decreto da presidenta Dilma.
A 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude desenvolverá seus trabalhos a partir de três eixos: Juventude: Democracia, Participação e Desenvolvimento Nacional; Plano Nacional de Juventude: prioridades 2011-2015; Articulação e integração das políticas públicas de juventude.

EM – O que é possível esperar deste processo?
GM - A meta é que não seja apenas quantitativa, mas, sobretudo qualitativa. Precisamos definir, por meio da participação popular, as prioridades políticas e as formas de implementá-las.

A proposta é que façamos da conferência um grande pacto entre governo e jovens que apontem para um programa político capaz de afirmar quais são os direitos da juventude, quais são as ações e os prazos para garanti-los e quais são os instrumentos e recursos para implementá-los. Para isso é necessário avançar nos marcos legais do campo da juventude, como Estatuto, Plano Nacional de Juventude e o Sistema Nacional de Juventude. Sem a aprovação dos marcos legais, na conferência, dificilmente teremos avanços concretos. Mais que isso, para haver conquistas, é fundamental que sociedade e governo estejam convencidos de que os jovens são chave para um projeto de desenvolvimento sustentável, justo e soberano.

EM – Quem pode e como participar das etapas municipais, regionais e estaduais?
GM - A Conferência Nacional de Juventude inicia com as etapas municipais, em alguns estados haverá regionais, as estaduais e por fim a Nacional. No estado de São Paulo, o processo de conferências prevê 18 etapas regionais, de onde sairão os delegados para a etapa estadual. As conferências municipais elegem para a Regional, que por sua vez elege representantes para a estadual. Inúmeras conferências municipais estão sendo realizadas, mas ainda há dificuldade de mobilização em algumas regiões.

Os municípios que tem conselho de juventude poderão fazer a indicação de 6 delegados (membros do conselho) para a etapa estadual. E na fase estadual haverá outra eleição: quatro pessoas (duas do governo e duas da sociedade civil) escolhidas para participar da etapa nacional, em Brasília.

A grande maioria das conferências é organizada pelo Poder Público em parceria com a sociedade civil, então é importante que as pessoas procurem os governos municipais e estaduais e se informem sobre o processo, quem é a comissão organizadora, para acompanhar de perto o processo.

Estão previstas no regimento as conferências livres, que podem ser convocadas por pessoas ou coletivo. O tema é livre e não elege delegados. Como inovação do processo este ano teremos conferências territoriais e a virtual. As territoriais visam incentivar a participação da juventude rural, ribeirinha, quilombola e de comunidades tradicionais, mas pode também ser organizada em territórios da paz, áreas de periferia.

A etapa nacional deve reunir 2 mil pessoas eleitas nos estados, entre os dias 9 e 12 de dezembro, para elaborar uma plataforma política, com diretrizes que deverão ser referência para o avanço dos Marcos Legais da Juventude. Muita gente. Muito trabalho. Muita cultura. Muitas histórias!

EM – No estado de São Paulo, como está a organização da conferência de juventude?

GM - São Paulo é um Estado estratégico para a Conferência, aqui estão presentes todas as forças políticas do país e deve ser um palco de disputa interessante. Aqui no estado, existe uma peculiaridade, a Coordenadoria de Juventude está com o PMDB que está empenhado na realização da Conferência, é da base do Governo Dilma, mas também compõe o Governo Alckmin.

Certamente haverá plataformas bastante distintas no processo, de um lado um campo progressista sintonizado com a linha política do Governo Federal e um outro campo que defende uma visão privatista, de estado mínimo e mercantilização da vida.

EM – Qual recado que você pode passar para a juventude do PT?

GM - A juventude luta muito para sobreviver, convive com riscos e tem trajetórias marcadas muitas vezes pela ausência de apoio do Estado e de suas famílias, como fruto de um modelo calcado na exclusão e desigualdade. O Brasil vive um novo tempo, de estabilidade econômica, democracia plena, mais oportunidades, mas é preciso que os jovens sejam convidados a participar de forma ativa deste momento.

Os/as jovens têm um potencial enorme para colaborar com o país, construir novas formas de relação, repensar os padrões de consumo atuais e forjar um novo modelo de desenvolvimento, com sustentabilidade. O Estado precisa assegurar os seus direitos, para possibilitar a construção de autonomia e a Juventude do PT tem um papel decisivo neste processo, de transformar as demandas em políticas públicas.

É preciso que na Conferência a juventude dispute ideias que vão ao encontro de um programa político de esquerda, libertário e emancipador. Por último, que esse processo dialogue com a realidade da maioria da juventude brasileira, que esteja sintonizada com as aspirações e sonhos das juventudes do país.

Nesse sentido, faço um chamado para a Juventude do PT se engajar na construção da Conferência e com maturidade política mostrar que é capaz de dialogar com a juventude do Brasil para convidá-la a participar do PT para reafirmar os compromissos de transformação do Brasil.

Seminário Cidade Digital acontece dia 22 de agosto



O Instituto do Legislativo Paulista e a UVESP promoverão no dia 22 de Agosto, na ALESP, auditório Paulo Kobayashi seminário sobre Cidades Digitais, tema de grande importância para o desenvolvimento em seu sentido mais amplo, já que traz à tona o tema da Inclusão Social via democratização do acesso à Banda Larga.

Com a Inclusão Digital, torna-se possível pensar em novas soluções, através de políticas públicas cidadãs, que permitam preparar melhor nossos municípios para a sociedade da informação do Século XXI.


As Cidades Digitais podem representar um modelo de medida para o estágio de desenvolvimento da sociedade contemporânea. A incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)na vida dos cidadãos representa acesso a novos direitos urbanos.

Assim como a cidade do século passado deveria atender ao cidadão com serviços de água e esgoto, hoje, o ser humano urbano tem o direito de estar conectado à rede pública de acesso à internet.

Assim como discutimos os aspectos jurídicos da cobrança da Taxa de Contribuições de Melhorias Urbanas, devemos debater o modelo de cobrança para os serviços de conexão de Banda Larga para todos os munícipes de uma Cidade Digital.

Além disso, a forma de administrar o espaço público e o espaço privado na cidade do futuro também deverá se alterar. Os agentes públicos e privados terão que encontrar novas ferramentas de gestão que facilitem a oferta de serviços na rede. Educação a Distância, Tele-medicina, TV Interativa e Micro-crédito online, são só alguns exemplos das possibilidades da vida digital. Transparência, democracia, eficiência e eficácia são apenas alguns atributos que podem ser usados para as Cidades Digitais.

O Instituto do Legislativo Paulista e a UVESP criam, assim, uma oportunidade única para o debate sobre o perfil do novo homem público, do novo ator político, que seja capaz de interferir no jogo econômico recuperando para o mercado de consumo aqueles cidadãos que ficaram à margem da sociedade do trabalho e da remuneração produtiva.

Assim também, criam a oportunidade para discutir o perfil do novo empresário, do novo ator no mundo dos negócios, que seja capaz de encontrar novos nichos de oportunidades e investimentos que alavanquem a riqueza socialmente produzida de forma a garantir a oferta de novos produtos que atinjam os novos consumidores da cidade.

Nada mais natural que os novos administradores e investidores – públicos e privados formulem criativamente novas parcerias – através das PPPs – na construção do futuro que está por trás das Cidades Digitais.

As boas práticas – no setor público e no setor privado – que estão associadas ao uso das TICs podem criar uma janela de oportunidade para o futuro que ajude a sociedade brasileira a recuperar espaço, a queimar etapas, frente ao desafio de vencer a exclusão social que afasta do mercado uma parte significativa de sua população, mostrando a face oculta de seu processo de construção da violência estrutural.

Cabe reforçar, mais uma vez, a importância da temática a ser discutida, abrindo caminho para muitos temas da atualidade: inclusão digital, última milha, redes metropolitanas, infocentros, interatividade, marco legal, e-governo, e-administração, e-serviços, e-comércio, e-banking, e-democracia, e-justiça, e-representação, e-cidadania, governança eletrônica, portais, EAD, redes de negócios, cartão eletrônico do cidadão, micro-crédito, virtualização de processos, bancos de dados multifinalitários, ERPs, enfim tudo aquilo que aponte para a construção de uma sociedade preparada para um ciclo virtuoso de desenvolvimento social, econômico e político.

O seminário contará com especialistas do Governo Federal tratando de questões importantes para os atores locais – fontes de financiamento, Plano Nacional de Banda Larga, software livre – gestores municipais que estão construindo “cases” de sucesso – gestão integrada, telefonia social, e-serviços públicos, e-administração pública – e acadêmicos que desenvolvem soluções para Cidades Digitais.

A iniciativa é o primeiro passo para a construção de um modelo que deverá reproduzir-se em outros eventos. A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo abrigará o primeiro seminário.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dilma, a nova fase

SEGUNDA, 1 DE AGOSTO DE 2011, 07H44
Dilma, a nova fase
Cláudio Lembo
De São Paulo


Para Lembo, a presidente "tem componentes diferentes dos operadores políticos de todos os tempos"

Em todos os ambientes, quando se fala em política, coloca-se uma pergunta: como vai o governo Dilma? É natural a indagação. No presidencialismo, mais que no parlamentarismo, a figura do supremo mandatário tem importância expressiva.

O Parlamento, por mais que mostre vocação cívica, jamais consegue atingir o espaço de expressão do Executivo. O Judiciário, apesar do atual ativismo, ainda é poder que exige provocação para agir.

O Executivo, ao contrário dos demais poderes, está sempre presente na vida do cotidiano das pessoas. A cidadania acompanha com acuidade todos os atos do mandatário. Eles repercutem no dia-a-dia de cada cidadão, mesmo que não incidam diretamente sobre os seus interesses imediatos.

Dilma Rousseff atingiu a Presidência da República como reflexo de uma personalidade carismática e bem sucedida. Mais ainda. Respeitada por todas as classes sociais, salvo poucas exceções.

Suceder a Luiz Inácio Lula da Silva seria tarefa difícil para o mais experiente político, mais dificuldade encontra um quadro técnico acostumado à direção direta de seus subordinados e definição precisa dos objetivos.

A política é caleidoscópio. Jamais é possível aquilatar a próxima imagem. Tudo é mutável e a volubilidade das vontades humanas se apresenta no cenário político com enervante constância.

Compreensível, pois, a idas e vindas dos primeiros meses do atual governo. Só encontrou situações complexas. Lula, o líder sindical, é homem de conflitos e acordos transitórios.

Uma técnica, que sempre ocupou cargos administrativos, não pode utilizar o mesmo meio de convicção. Não possui tradição política e nem sequer atrativo para falar sem atingir conclusões.

Daí as pequenas crises, particularmente no trato dos assuntos ministeriais. Agiu mal, cai. Esta forma de atuar não era habito no período presidencial anterior e nem sequer faz parte dos hábitos políticos brasileiros.

O costume - diga-se de passagem, secular - é transigir e conciliar. Tudo acontece mediante conciliação. Nunca se vai às últimas conseqüências. Dilma rompeu a maldição.

É claro que determinados segmentos se encontram incomodados. No entanto, é possível que a presidenta esteja inaugurando um novo ciclo na política nacional.

Colocar as coisas no devido lugar. Fazer com que os fatos se tornem claros, as falcatruas expostas e seus autores exonerados é novidade que deixa perplexa muita gente.

O erro dos políticos tradicionais é nítido. Esqueceram de examinar a trajetória da presidenta Dilma. Ela sempre mostrou liderança e lutou, de maneira inequívoca, pela democracia e moralidade administrativa.

Ofereceu, em seu passado, em holocausto a dignidade humana o seu próprio sacrifício pessoal. Sofreu em sua a integridade física e perdeu a liberdade. Permaneceu com seus princípios.

Erram, pois, os políticos, inclusive os mais experientes que, em governos passados, ocuparam cargos relevantes nos poderes da República, em procurar agredi-la - e a seu governo - com palavras ou bravatas.

Dilma tem componentes diferentes dos operadores políticos de todos os tempos. Possui coragem e destemor. Não é carreirista. Quer exercer com dignidade seu mandato.

Se tudo isto não fosse suficiente, a democracia plena em que se vive não permite a presença da imoralidade administrativa e nem das velhas técnicas de desestabilização dos governantes.

A opinião pública sabe diferenciar com precisão os bons e os maus atos dos administradores. As boas e as más condutas dos políticos. Terminou a fase do quem pode leva.

Hoje, é preciso respeitabilidade para o exercício das funções públicas. A sociedade é implacável e acompanha cada movimento dos detentores de cargos nos três poderes da República.

Dilma age como quer a maioria da cidadania: preserva a dignidade do cargo e afasta firmemente os de conduta frágil. Tudo isto é novidade. Dai alguma perplexidade de seus adversários e dos analistas deformados pela paixão ou interesses.



Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de 2006, quando assumiu como governador.

Fonte: Terra Magazine