domingo, 2 de dezembro de 2012

MASSACRE NAS ESCOLAS




RAYMUNDO DE LIMA*

No dia 11/3/2009, numa escola de Winnenden, Alemanha, um adolescente[1] matou 15 pessoas, e depois teria sido morto pela polícia ou cometido suicídio. Massacres de alunos e professores cometidos por jovens vêm se espalhando pelo mundo, em intervalos mais curtos, como se fosse uma epidemia.
Poucos dias depois, o professor Almir Olimpio Alves, que realizava pós-doutorado na Universidade Binghamton, EUA, no dia 03/04/2009, é a primeira vítima fatal de um massacre numa uma instituição de atendimento a imigrantes. O atirador matou 13 pessoas, e foi encontrado morto com um tiro na cabeça, no prédio da Associação Cívica Americana que ajuda imigrantes e refugiados.
Noticiado pela imprensa como massacre ou barbárie, esse tipo de crime vem sendo chamado de “amouco” (vem de Amok, palavra de origem javanesa que a psiquiatria designa atos criminosos inexplicáveis, sem motivo aparente; com fácil acesso às armas uma pessoa considerada normal vai matando todos que encontra pela frente, suicidando-se depois).
Psicólogos, psiquiatras e sociólogos avançam pouco nas pesquisas por que um jovem em fase escolar transforma-se em assassino múltiplo de colegas, professores ou qualquer passante que casualmente se encontra na linha de tiro.
Alguns pontos, porém, são coincidentes em tais crimes: a) a maioria dos assassinos são jovens (homens), considerados pelos estudos como ressentidos, rotulados delosers (perdedores) pelos colegas e professores; b) são viciados em videogames e filmes violentos[2]; c) tinham acesso fácil a armamento pesado; d) eram quietos, reservados, esquisitos; e) escolheram descarregar sua arma no ambiente da escola e depois se suicidam; f) antes do ato não apresentam qualquer sinal de comportamento desviante ou histórico de delinqüência, mas teriam histórico familiar complicado. (ler o ensaio do psicanalista Contardo Calligaris publicado na Folha de S. Paulo, 19/03/2009) no qual aponta mais um elemento sintomal: “esses gestos homicidas e suicidas são propositalmente públicos. Não se trata de alvejar os passantes a partir de uma janela escondida: a matança é teatral”).
Ou seja, eles planejaram os seus crimes como se fosse um espetáculo. Agiram como se fossem protagonistas de um filme violento. Parecem movidos pelo desejo de onipotência e de “produzir remorso em escala global”. “se você não pode se tornar conhecido e famoso na e com a sociedade, então se volte contra ela” (op.cit.).
Também chama atenção: a maioria dos assassinos nunca treinou com armas de verdade, só na “realidade virtual” dos videogames, e, mesmo assim, conseguiram uma margem de acertos entre 90 e 100% em suas vítimas, como observa o psicólogo David Grossman (cf.: http://www.espacoacademico.com.br/018/18ray.htm).
No início esse tipo de crime era considerado apenas mais um sintoma da cultura norte-americana, que supervaloriza o espetáculo, o dinheiro, às armas, à competição, o consumo. Mas, foi na Escócia, em 1996, o primeiro lugar a ser noticiado o massacre de16 crianças e um professor (mais o assassino, suicida).
Em 1997, na cidade de West Paducah (Kentucky/ EUA), um adolescente de 14 anos matou a tiros, após a oração matinal, três colegas de escola, e cinco outros foram feridos.
Depois, em 1998, em Jonesboro (Arkansas), dois meninos (11 e 13 anos) abriram fogo na escola, matando quatro meninas e uma professora. No mesmo ano, em Springfield (Oregon), outro de 17 anos matou a tiros em uma “high school” dois colegas e feriu 20.
Em 1999, dois jovens de 17 e 18 anos provocaram um banho de sangue no Instituto Columbine, em Littleton (Colorado): com armas de fogo e explosivos, eles mataram em sua escola 12 colegas, um professor e, em seguida, a si próprios.
Mas, esse tipo de massacre nas escolas também vem ocorrendo em países de diferentes culturas e distâncias: Canadá, Escócia, Suíça, Alemanha, Japão, Uganda, e até a Finlândia, que é 1º lugar no ranking das melhores escolas do mundo teve dois massacres: 9 e 11 pessoas foram assassinadas numa escola, respectivamente em 2007 e 2008.
No Brasil fala-se da violência na/da/contra[3] as escolas, mas ainda não aconteceu massacres desse tipo.
As explicações “científicas” convencionais interpretam esses massacres amoucos como efeitos do mal-estar produzido pelo capitalismo global e “estão integrados no contexto maior de uma cultura da violência interna à sociedade” (R. KURZ).
Esse “mal-estar” não traz os sinais clássicos de maldade, mas sim, é considerado efeito normal da diversão e gozos próprios da pós-modernidade (ZIZEK, 1999): os jovens passam horas se ‘divertindo’ em videogames violentos, cujo efeito é a dessensibilização sobre a dor dos outros; inconscientemente, eles estão exercitando sua pulsão de morte para ser ato na realidade concreta. A nova geração estaria inaugurando a era “pós-humana” (Haraway, apud Green e Bigun, 1995, p. 218, 231-2), i.é, apagando as fronteiras entre a realidade e a ficção, e negando radicalmente o papel civilizador da escola.
Um aluno humilhado pelos professores e colegas, e ressentido com uma escola ambígua, contraditória e hipócrita, remói no seu imaginário uma vingança espetacular contra professores e alunos na escola/ universidade. Assim o “ressentimento” (ZUIN, 2008) autorizado pela atmosfera pós-moderna seria o impulsionador para o ato amouco. Do mesmo modo, um trabalhador desempregado, ressentido com o sistema, é tomado de fúria contra todos, como aconteceu com o vietnamita Jiverly Voong, autor do massacre de 03/04/2009: ele tinha sido demitido da IBM e se sentia frustrado porque não conseguia aprender inglês. Desse modo, “a vingança [do ressentido] é adiada”, acumulada, faltando muito pouco para adquirir um instrumento, local e hora para ser ator de seu teatro.
Na linha de Zizek (ibid.), na sociedade liberal-permissiva a criança aprende que “pode tudo” para o bem ou para o mal. O princípio cristão do “amor ao próximo”, nesse tipo de sociedade, é substituído por “amor a si próprio” (narcisismo) e pela vingança indiscriminada contra todos aqueles que supostamente são vencedores da competição patrocinada pelo sistema capitalista.
Segundo Zizek, vivemos um vale tudo para ‘mais-gozar’ a vida: vale tanto matar-virtual, de mentirinha, como matar na realidade através de micro-violências atuadas no cotidiano banal. Porém, essa linha de pensamento não explica por que só algumas pessoas cometem ato amouco, enquanto que a maioria dos jogadores dos videogames se satisfaz cometendo massacres virtuais ou assistindo mortes em cenas de filmes.
É visível que a nova geração de jovens dá sinais de autismo social: a criança e o jovem, em várias situações do cotidiano, revelam insensibilidade em relação ao sofrimento alheio, mas podem chorar convulsivamente diante de uma cena de ficção. Ao receber um “não” dos pais ou professores eles podem reagir de forma explosiva e emoção desmedida. Eles dão a impressão de que vivem numa bolha imaginária, onde o outro é simbolicamente anulado. Há uma tendência de esses jovens se fecharem num mundinho específico do seu quarto, das mensagens do celular ou do MSN, Orkut, onde recusam conversar com adultos ou pessoas de outra “tribo”. Esse narcisismo da recusa ou indiferentismo são sintomas de estruturas psicóticas e perversas prontas para passar ao ato. Mas, os atos amoucos seriam produto de uma estrutura psicótica? Então, por que não deixaram indícios? Por que se irrompem com tamanha brutalidade?
Os documentários “Tiros em Columbine” (2002), “Bang bang, você morreu” (2001), que serviram de inspiração para o filme “Elefante” (2003), dão a impressão de serem mais corajosos em levantar hipóteses e provocar reflexões do que os resultados das pesquisas nos campos da sociologia, antropologia, psicologia social, psicanálise, etc. No Brasil as investigações e debates sobre esse assunto parece quase ignorado; merece destaque alguns ensaios direcionados pelo menos para provocar o debate na nossa sociedade, conforme registramos nas referências. Contudo, os autores ainda são reféns de sua disciplina, i.é, carecem de um esforço epistêmico no sentido da transdisciplinaridade. Porque como alerta Edgard Morin: “problemas complexos [como são os crimes amoucos] exigem um modo/método de pensamento também complexo”.

Referências
COSTA, J. F. Narcisismo em tempos sombrios. In: Percursos da história da psicanálise. Rio de Janeiro: Taurus-Timbre, 1988.
GREEN, B. e BIGUN, C. Alienígenas em sala de aula. In: Silva, T.T. (org.). Alienígenas em sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1995.
ZIZEK, S. O superego pós-moderno. In: Folha de S. Paulo – Mais! 23/ maio/ 1999, p.5-8.
ZUIN, Antonio. A educação de Sísifo: sobre ressentimento, vingança e Amok entre professores e alunos. Educação e Sociedade, Campinas, v. 29, n.103, p.583-606, maio/ago. 2008.


* RAYMUNDO DE LIMA é graduado em Psicologia, Mestre em Psicologia Escolar (UGF) e Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é professor do Departamento de Fundamentos da Educação, na área de Metodologia da Pesquisa, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Publicado na REA nº 96, maio de 2009, disponível emhttp://www.espacoacademico.com.br/096/96lima.htm
[1] O pai, que colecionava armas e praticava tiro ao alvo, enfrenta a acusação de negligência e violação das leis de armas, se ficar provado que ele não as guardava de acordo com o prescrito. Depois desse massacre o governo da Alemanha deve revisar o acesso às armas, e adotar mais medidas preventivas e emergenciais diante de novo ataque. (Cf.:http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u534935.shtml  )
[2] A revista “Der Spiegel” informa em seu último número que o jovem tinha jogado games violentos em seu computador na noite antes do massacre e que há meses participava de fóruns na internet sobre massacres escolares.

http://espacoacademico.wordpress.com/2012/12/01/massacre-nas-escolas/

sábado, 1 de dezembro de 2012

COSTURANDO A REDE


C O N V I T E

O Conselho Municipal Sobre Drogas – COMUSD  e o Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA, juntamente com o Comitê Regional Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Litoral Norte
convidam para o Encontro
“Costurando a Rede” “UBATUBA NA PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E AO CONSUMO DE DROGAS”,
 cujo objetivo é a sensibilização e a união de esforços de toda a sociedade para a busca de soluções.
PROGRAMAÇÃO:
APRESENTAÇÃO CULTURAL
  APRESENTAÇÃO RESUMIDA DO DIAGNÓSTICO DE UBATUBA SOBRE VIOLAÇÕES CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES (representante da Comissão do Projeto Ação Proteção)
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (Dr. Catalino Los Reis Garcia dos Santos - médico psiquiatra do CAPS  - CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL)
“PORQUE NÃO DANCEI” (Esmeralda Ortiz – jornalista, escritora e educadora social da Fundação Casa)


03 DE DEZEMBRO - 19 HORAS – Salão da Igreja São Francisco - Rua Thomaz Galhardo

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Brasil é o segundo país com mais usuários de drogas


10setembro2012


FALTA DIÁLOGO




Por Conceição Cinti


O Brasil perdeu para os Estados Unidos em números de usuários de cocaína em pó e crack no ano de 2011. Foram 2,8 milhões de consumidores no país, contra 4,1 milhões dos EUA. Esses números são o resultado da recente pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas e Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que foi divulgada na página do Inpad na internet dia 5 de setembro de 2012.


Apesar de intoleráveis, os dados apresentados não surpreenderam os profissionais que trabalham na área de Restauração de Pessoas Dependentes em Substâncias Psicoativas, pela ausência de novidades. Para esses operadores nunca houve nenhuma dúvida da existência no Brasil de uma rede bem estruturada para atender a demanda que ao longo dos anos vem crescendo assustadoramente e que segundo a referida pesquisa atingiu hoje mais de 3 milhões de usuários de cocaína e crack.


Para essa pesquisa foram ouvidas 4.607 pessoas com mais de 14 anos em 149 cidades. Trabalho há mais de três décadas na área de restauração de pessoas dependentes e pude constatar que a partir do ano 2000 surgiu o envolvimento da criança ou adolescente na faixa etária de 12 anos chegando até 7 e 6 anos de idade. Elas nem sempre são contadas, mas têm sido vitimadas. Por essa razão acreditamos que se levarmos em consideração o usuário infantil os números poderão ser ainda maiores no que se refere ao consumo de crack por crianças de baixa renda.


Quanto ao acesso às drogas, a existência da distribuição feita através de uma rede estruturada em todo território nacional fez deste fato um facilitador que foi consolidado (no estado de São Paulo e posteriormente seguido por outros estados), com a implosão do Carandiru e a inconsequente transferência dos presos sem nenhum planejamento para as cidades do interior. Fato que não resolveu a violência na capital e esparramaram as drogas comprometendo o interiorano, em especial, o infanto-juvenil, que até aquele momento era uma criatura mais ingênua, presença desguarnecida, ao contrario dos adolescentes e jovens paulistanos que por várias razões, inclusive de sobrevivência, precocemente se tornam pessoas mais sagazes.


Quando um especialista em substâncias psicoativas escuta falar em drogas, seja heroína (pouco usada no Brasil), cocaína, crack, merla, oxi ou até mesmo drogas sintéticas, se ele é mesmo um especialista o mínimo que ele tem que saber é se a droga já entrou no país quando e qual foi a porta de entrada. Vejamos a questão do crack, que no último pleito eleitoral ocupou os palanques como se fora um recém-chegado; ele já está entre nós há mais que 20 anos e continua dizimando crianças e adolescentes de baixa renda.


Os mais sensíveis que me desculpem, mas estou convicta de que no Brasil a tragédia tem que vitimar primeiro os ricos para que providências sejam tomadas e delas aproveitem as pessoas de baixa renda. Isso é inaceitável, mas é o que acontece e está acontecendo agora com o crack, que lamentavelmente como qualquer outra droga não tem preconceito e se estabeleceu também nas classes mais abastadas da população.


Quanto à questão do dependente de cocaína, e em especial do crack, dizer que não quer ajuda é a mais pura verdade. O crack provoca um tipo de dependência perversa, em minha opinião uma das mais severas. Costumo dizer que com o crack tudo anda velozmente, menos sua restauração.


Esse tipo de dependente tem uma subserviência absurda à droga. Pessoas inteligentes, competentes, educadas, higiênicas, num tempo recorde se tornam pessoas repulsivas cujo único objetivo é fumar, fumar, até exaurir suas energias.


Quanto à recidiva, a popular e temível recaída: em minha opinião ela faz parte do processo de restauração, principalmente no caso de usuários de crack. Mas a melhor notícia é que há uma saída para as drogas.


Costumo dizer que a restauração de vidas de pessoas dependentes de substâncias psicoativas é difícil, dispendiosa, doída e demorada. Não há como restaurar alguém com prazo fatal.


Falando serio: esse assunto drogas já deveria ter entrado em pauta nacional com prioridade máxima. Também não é mais um assunto engessado e da competência de uma única disciplina, como outrora sujeita apenas ao âmbito do Direito. Também não é uma questão onde a ciência possa dar a última palavra, por uma razão muito simples; até hoje não há chá, comprimido, xarope, injeção, supositório, choque, acupuntura, cirurgia, procedimentos psicoemocionais que por si sós tenham trazido algum resultado com êxito.


Entretanto o Brasil tem know how sobre esse assunto. As comunidades terapêuticas pouco citadas são as pioneiras no atendimento ao dependente químico desde 1967. No Brasil, mais precisamente, na cidade de Goiânia teve inicio o primeiro trabalho com esse segmento e com êxito. As comunidades terapêuticas conciliam com sabedoria ciência e espiritualidade, a espiritualidade compreendida como o Poder de Deus utilizado como instrumento para libertação das pessoas.


O que está faltando em minha opinião é humildade para que possamos sentar juntos e trocar ideias a respeito de tudo que possa ser somado a favor da vida dessas pessoas.


O terceiro setor vem perseverando nessa luta e se não fosse o atendimento no anonimato desses pioneiros estaríamos numa situação muito pior. Estamos na era da mediação, do diálogo e precisamos esquecer um pouco o status e fixar nossos esforços em devolver a saúde e evitar a morte dessas pessoas. Não há maior láurea que acompanhar a restauração de um ser humano, principalmente se esse ser humano for uma criança ou um adolescente.




Conceição Cinti é advogada e especialista em tratamento de dependentes.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Três experiências no Prouni e Reuni


Três experiências no Prouni e Reuni


Estudantes que normalmente não teriam chegado à universidade relatam como viveram programas que ampliaram em 110% matrículas nas universidades, em uma década 
Por Priscila Cardoso dos Santos, no Portal Aprendiz
[Título original: "Políticas de acesso ao ensino superior transformam o perfil da sala de aula"]
“O Brasil assistirá dentro de dez ou quinze anos o surgimento de uma nova geração de intelectuais, cientistas, técnicos e artistas originários das camadas pobres da população”.
Foi com estas palavras que o ex-presidente Lula tomou posse de seu segundo mandato, em janeiro de 2007.
A transformação citada pelo ex-presidente começa a ser vista nas salas de aula. De acordo com o último Censo da Educação Superior, entre os anos 2001 e 2010, houve um aumento de 110% no número de matrículas na graduação, chegando à marca de 6.379.299 inscritos.
Desses, 74% frequenta uma instituição privada e 26% estuda em alguma instituição pública. A média desse público é de 26 anos, sendo que os 25% mais jovens têm até 21 anos e a mesma proporção dos mais velhos tem até 40 anos. A maioria é do sexo feminino (57%) e está matriculado em cursos presenciais (85,4%).
Apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito. Os dados apontam que, entre os jovens brasileiros de 18 a 24 anos, apenas 14,4% está matriculado em algum curso superior. O Plano Nacional de Educação (PNE) previa que até 2010, cerca de 30% dessa população teria acesso ao ensino superior, o que não aconteceu.
O Censo revela ainda que as políticas de ingresso ao ensino superior não são suficientes para garantir que os jovens concluam os estudos. Dos 6 milhões de matriculados, apenas 15% receberam um diploma, sendo 80,42% oriundos de instituições privadas, 10% de universidades federais, 7% de estaduais e 1,76% de municipais.
Para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira (Inep), responsável por analisar os dados, o desenvolvimento econômico observado nos últimos anos criou uma pressão por mão de obra especializada. A resposta para essa demanda foi a criação e ampliação de políticas de financiamento estudantil como Fies e Prouni e a criação de novas universidades federais e campi no interior do Brasil.
Para entender como esse processo de ampliação do acesso ao ensino superior tem acontecido na prática, o Portal Aprendiz foi conhecer três jovens moradores da cidade de São Paulo que passam por diferentes experiências universitárias.
Os novos intelectuais
Em 2007, Tais Telles (25), à época com 20 anos, foi selecionada para o curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Como parte das metas do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a faculdade inaugurava um campus na cidade de Guarulhos (SP).
Naquele momento, a faculdade não dispunha de moradia para estudantes e foi por este motivo que Taís, ainda no primeiro semestre, abandonou o curso. Ela dividia o aluguel de uma casa próxima à faculdade com outros alunos, mas ainda assim tinha um custo de R$350 por mês.
Apesar das dificuldades, Taís não desistiu de cursar uma graduação. Prestou vestibular novamente em 2009, e em 2010 ingressou no curso de Geografia pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Atualmente está no 4° semestre, recebe cerca de R$300 de auxílio estudantil e mora dentro do campus. “Mas a renda ainda não é suficiente”, declara a estudante que, para complementar a renda, dá aulas em um cursinho popular da região e é cabelereira nas horas vagas.
Enquanto isso, o mercado de trabalho
Leandro de Oliveira Martins (24) formou-se em 2011 no curso de Comércio Exterior pela Universidade Nove de Julho (Uninove), onde possuía bolsa integral pelo Programa Universidade Para Todos (Prouni). Durante a graduação, estagiou em um banco e chegou a abrir uma empresa de consultoria financeira com sua irmã, mas não teve muito sucesso.
Determinado a ser um profissional bem sucedido, Leandro retornou para o Cursinho do XI, organização sem fins lucrativos ligada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que oferece preparação para o vestibular. “Meu objetivo é estudar na USP”, revela o jovem que já foi aprovado nos vestibulares da Unesp e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no curso de Engenharia.
De olho na demanda que será gerada pela exploração da camada pré-sal, o jovem – que tem afinidade com as disciplinas de Exatas -, afirma que pretende cursar Engenharia Naval. “Acho que esse é um bom momento para esses profissionais.”
Leandro certamente irá juntar-se aos 202.398 estudantes que optaram por um curso nas áreas de produção, construção e engenharia, conforme indica o Censo de Educação Superior. O curso figura como o 4° mais procurado, perdendo apenas para pedagogia, direito e administração.
Professores da próxima geração
Com o sonho de ser professora, Diana Andrade (26) foi selecionada para o curso de pedagogia em 2006, com bolsa integral financiada pelo Prouni. Ingressou nas turmas de meio de ano da Universidade São Camilo, em São Paulo (SP) e concluiu em 2011.
A professora levou cinco anos para terminar um curso que tem duração de três. As dificuldades para dedicar-se à vida acadêmica fizeram com que ela trancasse a  faculdade por um ano. “O mais difícil era conciliar trabalho e estudo”, afirmou.
Moradora do município de Carapicuíba, localizado na região metropolitana da capital paulista, Diana trabalhava no Jardim São Luís, na zona sul, e estudava na Pompéia, zona oeste, levando cerca de 4 horas para se deslocar. “Eu cumpria uma jornada muito exaustiva”, declara a jovem.
Embora tivesse tantas atividades, Diana buscou diversas formações paralelas. Para adquirir experiência com desenvolvimento e implementação de projetos, implementou ações com apoio da Lei de Valorização da Cultura (VAI), que financia projetos culturais desenvolvidos por jovens paulistanos.

sexta-feira, 29 de junho de 2012


Um em cada cinco brasileiros sofreu punição física regular na infância

29/06/2012
Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Uma pesquisa realizada em 11 capitais brasileiras revelou que mais de 70% dos 4.025 entrevistados apanharam quando crianças. Para 20% deles, a punição física ocorreu de forma regular – uma vez por semana ou mais.
Castigos com vara, cinto, pedaço de pau e outros objetos capazes de provocar danos graves foram mais frequentes do que a palmada, principalmente entre aqueles que disseram apanhar quase todos os dias.
O levantamento foi feito em 2010 e divulgado este mês pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP.
O objetivo da pesquisa, segundo Nancy Cardia, vice-coordenadora do NEV, foi examinar como a exposição à violência afeta as atitudes, normas e valores dos cidadãos em relação à violência, aos direitos humanos e às instituições encarregadas de garantir a segurança.
“A pergunta sobre a punição corporal na infância se mostrou absolutamente vital para a pesquisa. Ao cruzar esses resultados com diversas outras questões, podemos notar que as vítimas de violência grave na infância estão mais sujeitas a serem vítimas de violência ao longo de toda a vida”, disse Cardia.
A explicação mais provável para o fenômeno é que as vítimas de punição corporal abusiva na infância têm maior probabilidade de adotar a violência como linguagem ao lidar com situações do cotidiano.
“A criança entende que a violência é uma opção legítima e vai usá-la quando tiver um conflito com colegas da escola, por exemplo. Mas, ao agredir, ele também pode sofrer agressão e se tornar vítima. E isso cresce de forma exponencial ao longo da vida”, disse Cardia.
Os entrevistados que relataram ter apanhado muito quando criança foram os que mais escolheram a opção “bater muito” em seus filhos caso esses apresentassem mau comportamento. Também foram os que mais esperariam que os filhos respondessem com violência caso fossem vítimas de agressão física na escola. Segundo os pesquisadores, os dados sugerem um ciclo perverso de uso de força física que precisa ser combatido.
Os resultados foram comparados com levantamento semelhante de 1999, realizado pelo NEV nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Belém, Manaus, Porto Velho e Goiânia. No levantamento de 2010, a capital Fortaleza também foi incluída.
Embora o percentual dos que afirmam ter sofrido punição física regular tenha diminuído na última década – passando de um em cada quatro entrevistados para um em cada cinco –, ainda é considerado alto.
A pesquisa mostrou também que a percepção da população sobre crescimento da violência diminuiu, passando de 93,4% em 1999 para 72,8% em 2010. No último levantamento, porém, foi maior a quantidade de entrevistados que disse ter presenciado em seus bairros uso de drogas, prisão, assalto e agressão.
De modo geral, houve uma melhora na avaliação das instituições de segurança. O Exército apresentou um aumento expressivo de 55,2% em 1999 para 66,6% em 2010. A aprovação da Polícia Federal saltou de 42% para 60%. O índice de aceitação da Polícia Militar, a mais mal avaliada, passou de 21,2% para 38%.
Penas e prisões
Um achado considerado preocupante pelos pesquisadores foi o crescimento da tolerância ao uso de violência policial contra suspeitos em determinados casos. O número de pessoas que discorda claramente da tortura para obtenção de provas caiu de 71,2% para 52,5%, o que significa que quase a metade dos entrevistados (47%) toleraria a violência nessa situação.
Também caiu o percentual dos que discordam totalmente que a polícia possa “invadir uma casa” (de 78,4% para 63,8%), “atirar em um suspeito” (de 87,9% para 68,6%), “agredir um suspeito” (de 88,7%, para 67,9%) e “atirar em suspeito armado” (de 45,4% para 38%).
Quando questionados sobre qual seria a punição mais adequada para delitos considerados graves – entre eles sequestro, estupro, homicídio praticado por jovem, terrorismo, tráfico de drogas, marido que mata mulher e corrupção por político –, muitos entrevistados defenderam penas que não fazem parte do Código Penal brasileiro, como prisão perpétua, pena de morte e prisão com trabalhos forçados.
A pena de morte foi mais aceita em casos de estupro (39,5%) e a prisão com trabalhos forçados foi mais defendida para políticos corruptos (28,3%).
“Já esperávamos que a população apoiasse penas mais duras por causa da frustração que existe em relação à impunidade. O conjunto das respostas indica que as pessoas consideram as prisões como um depósito”, avaliou Cardia.
Para a maioria dos entrevistados, a prisão é percebida como pouco ou nada eficiente tanto para punir (60,7%) e reabilitar (65,7%) criminosos como para dissuadir (60,9%) e controlar (63%) possíveis infratores. Essa questão foi avaliada apenas na pesquisa de 2010.
Outro aspecto da pesquisa considerado negativo por Cardia foi a baixa valorização de direitos democráticos como liberdade de expressão e de oposição política.
Mais de 42% dos entrevistados concordam totalmente ou em parte que é justificável que o governo censure a imprensa e 40% aceitam que pessoas sejam presas por posições políticas, com a finalidade de manter a ordem social. Para 40,4%, o país tem o direito de retirar a nacionalidade de alguém por questões de segurança nacional.
“Esperávamos que, 30 anos após o fim da ditadura, os valores da democracia tivessem 70% ou 80% de aprovação, mas isso não ocorreu. Além disso há focos muito pouco democráticos que sobrevivem, como o apoio à tortura. Há resquícios do pensamento de que degredo é legítimo e pode ser aplicado no século 21. É chocante”, disse Cardia.
 

Estudo mostra como jovens infratores avaliam a escola

29/06/2012
Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegurar o direito ao acesso amplo e irrestrito à educação por todos os jovens, incluindo os em conflito com a lei, as escolas públicas brasileiras têm dificuldade em incluir e integrar os adolescentes que cometeram atos infracionais, possibilitando que eles permaneçam na instituição.
Um estudo realizado por Aline Fávaro Dias no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com Bolsa da FAPESP, identificou alguns dos fatores que facilitam ou dificultam a permanência na escola de jovens infratores.
O trabalho ganhou o Prêmio Crefal de Melhores Teses sobre Educação de Pessoas Jovens e Adultas, edição 2011, concedido pelo Centro de Cooperação Regional para a Educação de Adultos na América Latina e no Caribe (Crefal) – um organismo internacional de cooperação na área de educação, apoiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O estudo também resultou em um capítulo de um livro organizado por Dias e publicado no fim de maio. No estudo, Dias, que é graduada em psicologia, realizou entrevistas e acompanhou seis adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em regime de liberdade assistida pelo Programa de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto de São Carlos, com o intuito de compreender o significado que eles atribuem às suas vivências escolares.
Dias constatou que, em geral, os adolescentes – que apresentam baixa escolaridade e histórico de repetência, expulsão e evasão escolar – veem a escola de uma forma ambígua.
De um lado, apesar de a escola ser avaliada por eles como um espaço onde são estigmatizados, excluídos e rotulados, por outro lado, a instituição também é vista por esses jovens como um ambiente de socialização, onde podem fazer amizades, paquerar e namorar. Já o conteúdo escolar é considerado como desinteressante e algo secundário.
“Eles invertem a função da escola. O aprendizado, que é considerado primordial para a escola, carece de sentido para eles por não conseguirem ver uma aplicação prática no dia a dia do conteúdo que aprendem, e a sociabilidade passa a ser o aspecto mais importante”, disse Dias à Agência FAPESP.
Segundo a psicóloga, além da falta de vínculo do conteúdo escolar com a realidade, outros fatores que contribuem para essa percepção invertida dos jovens infratores sobre a escola são o próprio envolvimento desses adolescentes em atos infracionais, que faz com que se distanciem da instituição, além da baixa escolaridade dos pais e a dificuldade da instituição escolar em lidar com eles.
“De modo geral, as instituições de ensino possuem pouca informação sobre o ECA e sobre quais são as medidas socioeducativas previstas para um jovem que cometeu um ato infracional”, disse.
Em função dessa carência de informação, as escolas tendem a excluir e a rotular esses jovens – que podem possuir maior dificuldade de aprendizagem e de relacionamento com os colegas – como perigosos ou a responsabilizá-los por tudo o que acontece de ruim na instituição, como atos de vandalismo.
“A escola acaba vendo esses jovens como problemáticos e que talvez se não estivessem ali seria melhor. É muito comum a prática de expulsão e transferência compulsória desses adolescentes, passando o problema de uma escola para a outra e não resolvendo, de fato, a situação deles”, disse Dias.
Segundo ela, a maioria dos jovens em conflito com a lei tem dificuldade de encontrar vagas nas escolas, fazendo com que desistam de estudar ainda no ensino fundamental. “Eles reconhecem que a escola e o estudo são importantes, mas mesmo reconhecendo isso não conseguem permanecer na instituição”, afirmou.
Contribuições da pesquisa
Na opinião da professora Elenice Maria Cammarosano Onofre, da UFSCar, que orientou o estudo, uma das principais contribuições do trabalho realizado por Dias é ajudar a diminuir a escassez de estudos sobre a relação com a escola de jovens em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto – um benefício concedido apenas a autores de atos infracionais contra o patrimônio, como roubo, furto e envolvimento com o tráfico de drogas.
Apesar de já existir no Brasil uma série de estudos sobre jovens infratores cumprindo medida socioeducativa em regime fechado por atos infracionais contra pessoas, como homicídio, ainda há poucos trabalhos sobre adolescentes que cometeram atos infracionais cumprindo pena em regime aberto.
“O estudo de Dias permite avaliar como o jovem infrator é – ou não – acolhido pela instituição escolar e o quanto os professores estão preparados para receber esses adolescentes em conflito com a lei”, disse Onofre.
Alguns dos resultados do estudo foram publicados em um livro, lançado no fim de maio, pelo Programa de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto de São Carlos, onde Dias realizou o estudo. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012


Callinicos: Grécia fora do euro pode criar novos rumos

Em palestra realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alex Callinicos, professor de Economia do King's College, da Inglaterra, defendeu que uma saída da Grécia da zona do euro, algo impensável há pouco tempo, pode levar a alternativas muito mais abrangentes. "E se ela sair? Os resultados serão uma desvalorização que aumentará a crise na Grécia? Quais serão os programas políticos que manterão a sobrevivência econômica e social?”, questionou.

Rio de Janeiro - O professor de economia do King`s College da Inglaterra, Alex Callinicos, defendeu na quarta-feira (6), em palestra na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a saída da Grécia da zona do euro como uma atitude soberana que abreviará o receituário de políticas neoliberais em outros países europeus e, em maior escopo, aprofundará a posição de xeque em que o capitalismo se encontra. 
Nesse receituário local, Alex citou em primeira mão a nacionalização dos bancos. “Eles são os pensionistas do setor público, eles deveriam ser de utilidade pública para programas de investimentos, trabalhos estatais, fomento de declínio do desemprego e controle de capital para reduzir o poder do mercado financeiro. É o tipo de medida que eu acho que seria necessária para contrabalançar o efeito da crise”


Sustentabilidade e reforma urbana na Rio+20



Surpreendentemente, ainda se ouve, em debates urbanos, uma concepção atrasada, embora às vezes proferida por militantes de esquerda, segundo a qual a preocupação ambiental é coisa de países e segmentos sociais ricos e privilegiados, que já teriam “resolvido” seus problemas básicos de sobrevivência; que primeiro precisaríamos incluir os mais pobres no mercado de consumo, como por exemplo, na sociedade do automóvel, para depois cuidar do meio ambiente. 

Segundo essa visão – equivocada, elitista e preconceituosa – os pobres precisariam cuidar antes de “coisas mais importantes” do que o meio ambiente. Ao contrário, acredito que essas agendas precisam caminhar juntas: reforma e sustentabilidade urbanas são faces diversas de uma mesma luta pelo direito à função socioambiental da propriedade e da cidade, tendo como horizonte a qualidade de vida para todos. 

Outro equívoco é acreditar que a crise econômica deve ser enfrentada com o crescimento e o desenvolvimento a qualquer custo, sem levar em conta os aspectos ambientais. Para estes, a única saída para manter o nível de emprego é facilitar o investimento ou distribuir isenções fiscais para os setores econômicos que mais contribuem para o PIB. Perde-se, assim, a oportunidade de aproveitar a crise para introduzir um novo projeto de desenvolvimento mais sustentável, em especial no meio urbano. É o caso do estímulo à produção de automóveis, recentemente lançado, cujo efeito nefasto para as cidades é mais do que conhecido. 

A agenda de sustentabilidade urbana se viabiliza e ganha força quando estiver integrada ao ideário da reforma urbana. A ocupação habitacional das APPs urbanas, de mananciais e de outras áreas de proteção ambiental, assim como os eventos extremos e desastres naturais, só poderá ser enfrentada seriamente quando estruturada uma política fundiária capaz de garantir terra urbanizada e bem localizada para a produção de habitação social. 

A unificação dessas agendas é fundamental para romper o imobilismo que se nota nos movimentos sociais urbanos e atualizá-los com uma nova perspectiva, assim como para extravasar certo elitismo que ainda prevalece nas lutas ambientalistas. A Rio+20, em especial a Cúpula dos Povos, é uma oportunidade para debater uma pauta de lutas e mobilizações, baseadas em princípios e em uma agenda comuns, na perspectiva de formular uma estratégia capaz de gerar cidades mais sustentáveis e inclusivas. 

(*) Nabil Bonduki é arquiteto e urbanista, professor de planejamento urbano na FAU-USP. Foi vereador em São Paulo (2001-4), relator do Plano Diretor Estratégico de São Paulo (2002) e Secretário Nacional de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (2011-2).


Veja mais em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20299&boletim_id=1222&componente_id=19732

Cidades-Urgente: colocar a questão urbana na agenda nacional


Erminia Maricato
O governo federal retomou as políticas de habitação e saneamento e se propõe a retomar a política de mobilidade urbana após décadas de ausência promovida pelo ideário neoliberal. Mas a retomada desses investimentos sem a reforma fundiária e imobiliária urbana (de competência municipal) traz consequências cruéis como a explosão dos preços dos imóveis. Durante os 50 anos em que urbanistas e movimentos sociais defenderam a Reforma Urbana, a exclusão territorial foi foi reinventada pelos que lucram com a cidade como ocorreu durante o período do BNH.