Nova York, 27/10/2010
Estudo aponta que apenas em cinco de 24 indicadores há mais nações que aumentaram ritmo de evolução nos Objetivos do Milênio
da PrimaPagina
Em meados de setembro, uma cúpula com ministros e chefes de Estado e governo dos países da ONU resultou em um documento em que se renova a promessa de, até 2015, cumprir os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio). No entanto, segundo um estudo publicado pelo CIP-CI (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), mais importante do que verificar se os países estão ou não prestes a atingir as metas é avaliar se eles fizeram progresso desde que as elas foram estabelecidas — e a maioria não fez.
A professora de Relações Internacionais Sakiko Fukuda-Parr e o pesquisador Joshua Greenstein, ambos da New School University, defendem que a melhor maneira de medir o sucesso dos ODM é analisar se a Declaração do Milênio, acordo de 2000 em que os países da ONU se comprometem com as metas, fez ou não diferença no desenvolvimento — ou seja, se os indicadores socioeconômicos melhoraram mais rapidamente depois que o documento foi assinado. Deve-se, portanto, examinar se houve aceleração, escrevem eles no artigo Como a implementação dos ODM deveria ser medida: aceleração do progresso ou cumprimento das metas?, disponível no site do CIP-CI, que é vinculado ao PNUD.
Os especialistas analisaram 24 indicadores dos Objetivos do Milênio para os quais há dados do início da década de 90, do início da década de 2000 e de um ano mais recente. Assim, puderam calcular a variação nos anos 90, a variação nos anos 2000, e comparar o desempenho dos dois períodos.
Em apenas cinco indicadores mais da metade das nações aumentou o ritmo das melhorias: pagamento da dívida como porcentagem das exportações, parcela da população vivendo em favelas, mulheres eleitas para o parlamento nacional, proporção da população vivendo com menos de um dólar por dia e porcentagem da população empregada.
“Nossa análise mostra que a maioria dos países não acelerou a melhoria depois dos ODM na maioria dos indicadores, e que muitos países na verdade regrediram em muitos indicadores”, escrevem Fukuda-Parr e Greenstein. Um terço dos países progrediu menos ou igual em 12 indicadores. O pior desempenho é na criação de áreas marinhas ou terrestres protegidas: o ritmo de melhoria aumentou apenas em 6% dos 216 países para os quais há números disponíveis.
Ao mesmo tempo, a análise mostra que as nações mais pobres são as que estão se desenvolvendo mais rapidamente — um aspecto não revelado pelos estudos que se limitam a avaliar se os países estão ou não no rumo para cumprir os Objetivos do Milênio. No grupo dos países menos desenvolvidos, 13 dos 24 indicadores aceleraram em mais de 50% dos países. Na África Subsaariana, mais da metade dos países intensificou o ritmo de melhoria em 16 dos 24 indicadores.
Assim, afirmam os autores, não faz sentido dizer que a África tem falhado nos ODM, como alega a maioria dos relatórios que apenas verificam quem deve e quem não deve atingir as metas. A pergunta principal não é "se os ODM serão cumpridos até 2015", argumentam — esse é um modo de ver que parte do pressuposto de que os Objetivos do Milênio são um plano de metas específicas. É melhor encarar os ODM como um grupo de diretrizes, como uma estratégia para o progresso, segundo os pesquisadores.
http://www.pnud.org.br/odm/reportagens/index.php?id01=3592&lay=odm
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